fonte: RFI
O uso de álcool e cigarros eletrônicos entre jovens de 11 a 15 anos é “alarmante”, de acordo com um relatório do escritório europeu da OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda medidas de saúde pública para limitar o acesso às bebidas alcoólicas. O estudo é realizado cada quatro anos pelo Escritório da OMS na Europa, que reúne 53 países e dados de 280 mil jovens na Europa, Ásia Central e Canadá.
“O uso generalizado de substâncias nocivas entre crianças em muitos países da região europeia —e além— representa uma séria ameaça à saúde pública”, disse o diretor regional da OMS, Hans Kluge, em um comunicado.
O documento “Comportamento de saúde de crianças em idade escolar” descreve a saúde de estudantes de 11, 13 e 15 anos e inclui uma análise sobre o uso de substâncias psicoativas.
De acordo com o relatório, após anos de diminuição do uso de substâncias psicoativas, “alguns dados sugerem que a pandemia de Covid-19 provocou um novo aumento”, motivado pelas mudanças de hábito provocadas pelas medidas de lockdown. Os adolescentes também ficaram mais expostos às telas e à publicidade online.
RISCO DE DEPENDÊNCIA
“O comportamento de risco durante a adolescência influencia a vida adulta. O uso de substâncias em uma idade precoce está relacionado a um maior risco de dependência química”, alerta Kluge. “Isso custa caro para eles e para a sociedade.”
O uso de cigarros eletrônicos aumentou em todo o mundo e essa tendência é maior entre os adolescentes.
A boa notícia é que o tabagismo “clássico” está diminuindo: 13% dos jovens de 11 a 15 anos já fumaram em 2022, dois pontos a menos do que há quatro anos. Cerca de 32% dos jovens de 15 anos já fumaram — 20% deles nos últimos 30 dias.
O álcool é a substância mais utilizada pelos adolescentes. A faixa de jovens de 15 anos que consumiram pelo menos uma vez é de 57%, e quase 4 em cada 10 consumiram nos últimos 30 dias.
CONSUMO CRESCEU ENTRE AS MENINAS
Além disso, cerca de um em cada dez adolescentes (9%) já esteve embriagado ao longo da vida. Cerca de 5% tinham 13 anos e 20% tinham 15 anos. “Isso demonstra uma tendência crescente no abuso de álcool entre os jovens”, disse a OMS Europa em um comunicado.
“Os dados mostram que o álcool está disponível, seu uso é normal, e mostram também que há uma necessidade urgente de uma melhor ação política para proteger as crianças e os jovens dos (seus) danos”, escreve a organização.
Outro motivo de preocupação é o aumento do consumo de bebidas alcóolicas pelas meninas, que estão bebendo mais do que antes. Pelo menos 40% das meninas de 15 anos disseram ter bebido pelo menos uma vez nos últimos 30 dias, contra 38% há quatro anos.
Para lutar contra o problema, a organização sugere um aumento dos impostos sobre os produtos, limitar os pontos de venda e a publicidade e proibir o uso de vaporizadores.